O Palhaço
Morre no riso a
lagrima desesperada...
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Quando eu era pequenina, nao havia Natal em que os meus nao me levassem ao Circo. Aquilo e que eram contar os dias, eu e a minha irma nem dormiamos a medida que o dia se aproximava.
Aquele dia que tanto ansiavamos nunca mais chegava. Ate que por fim...
E hoje!!!
La iamos nos, todas pinocas, com a roupinha que o Pai Natal tinha trazido e a qual nao davamos grande importancia. O Natal e das crianças e Natal sem brinquedos nao e Natal!
Nao e que nao tivessemos sempre alguns, mas pensavamos, em vez das roupas podiam ter-nos dado mais uma boneca.
Bom, ja me estou a desviar do assunto...tinha chegado o dia do Circo.
Iamos sempre ao Coliseu do Porto, na altura era o unico sitio onde o podiamos ver. A sala estava sempre completa. Tantas crianças, tantos sorrisos, tanta felicidade.
Quase sempre ficavamos nas cadeiras de pista, nas filas da frente...
Excepto um ano, em que ja fomos tarde comprar os bilhetes e ja so haviam lugares para o "galinheiro" como lhes chamavamos. Sao aqueles lugares la em cima, de onde nao se ve ou ouve quase nada e onde se fartam de nos dar pontapes nas costas. Foi so uma vez, juramos para nunca mais!
O espectaculo ia começar...
La vinha o Mestre de Cerimonias (nem sei se e assim que se chama), com a sua jaqueta vermelha, luvas brancas e cartola. Cumprimentava o publico e anunciava o primeiro artista.
Normalmente, os primeiros artistas a actuar eram os malabaristas, os ilusionistas, os da "seca" como eu e a minha irma lhes chamavamos.
Tinhamos que esperar tanto pelos palhaços...
Tambem gostavamos dos animais, dos trapezistas mas eram os palhaços que faziam as nossas delicias. Quase sempre eram apenas dois, o palhaço rico e o palhaço pobre. O rico nao era la muito engraçado, mas o pobre...bastava olhar para aqueles sapatoes para que nos nos comecassemos a rir.
Algumas das piadas ate nem tinham muita graça, mas eles conseguiam contar aquilo de uma forma que provocavam a gargalhada geral. E como tocavam bem, como conseguiam que ate o mais sisudo participasse na festa. Era mesmo uma alegria!
Para nos, era! E para eles?
Quantas vezes iam para ali fazer rir, com uma vontade enorme de chorar.
Começei a pensar nisto muitas vezes...
Dai que seja uma profissao que muito respeito!
Fazer rir nao e facil e esconder o que nos vai na alma tambem nao...
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