sexta-feira, setembro 17, 2004

História do Preservativo

Vamos lá a aprender qualquer coisinha que a vida não é só brincadeira...

O artefacto hoje conhecido como preservativo está presente na vida do homem há muitos séculos, principalmente quando o assunto é evitar a concepção.

Foram os chineses que criaram algo que pôde ser baptizado como o primeiro preservativo: envoltórios de papel de seda untados com óleo. Também se diz que o seu uso data de 1.600 a.C., pelo rei Minos de Knossos, em Creta, na forma de bexigas natatórias de peixes. Parece também que os egípcios tinham muitas preocupações a esse respeito; alguns túmulos em Karnak representam um egípcio a usar um artefacto razoavelmente semelhante a um preservativo.
Muitos anos mais tarde, na Idade Média, a contracepção encontrou a alquimia, que lhe reservava toda uma série de poções especiais feitas de misturas assombrosas, como urina de cordeiro, pó de testículos de touro torrados e outras receitas dignas de revoltar o estômago.

Mas foi a partir de então, com o surgimento e a disseminação de numerosas doenças venéreas como a sífilis, que o homem começou a tentar reduzir os perigos de contaminação por doenças sexualmente transmissíveis. A partir do século XVI, a Europa viu-se inundada por uma série de tratados médicos e leigos recomendando métodos para evitar filhos; o principal era o uso de envoltórios de linho ao redor do pénis, embebidos ou não em ervas medicinais para aumentar a eficácia.

SAPOS COM PRESERVATIVO

Mas contrariamente a tudo quanto se escreveu sobre a invenção dos preservativos, está definitivamente provado que foi o anatomista e cirurgião italiano Gabrielle Fallopio, mais conhecido sob o nome de Gabriel Fallope, nascido em Modena, em 1523, o inventor da "bainha de tecido leve, sob medida, para protecção das doenças venéreas".

As observações de Fallope sobre o uso perfeito para seu invento foram, no mínimo, curiosas. Meticuloso e paciente, vestiu diversos sapos machos com ceroulas de linho impermeável e pesquisou o acasalamento dos batráquios. Constatou que as ceroulas não impediam o coito, mas evitavam a fecundação. E mais, o sémen do macho contido nessas ceroulas, se posto na fêmea, podia fecundá-la. Fallope entrou, assim para a galeria dos grandes benfeitores, com um invento tão banal que ultrapassaria os séculos, tornando-se o único método eficaz de prevenção contra doenças sexualmente transmissíveis e, em especial, a SIDA.

Mas a título de curiosidade, vale a pena darmos um passeio por todas partes da Europa e conhecer alguma fontes históricas e documentais onde se registam dados sobre a utilidade e a difusão do preservativo masculino.

INTESTINO DE CARNEIRO

Quando a cidade de Utrecht foi sede da conferência internacional que deveria conduzir à assinatura de um tratado pondo fim à guerra da sucessão espanhola, ela na verdade, contribuiu para a difusão deste artefacto peculiar. A nata da nobreza e altas personalidades diplomáticas chegaram de França, Inglaterra e Espanha e concentraram-se na localidade. Como era de se prever, atraíram uma infinidade de coquetes e galantes damas, sequiosas de distrair as autoridades e garantir uns cobres. Mas lamentavelmente, muitas delas, além da bagagem, traziam também um problema; doenças venéreas. A situação ficou de tal modo delicada e transpirou tão rapidamente que, foi necessário encontrar uma solução.

Um artesão criativo teve a ideia de preparar à sua maneira o ceco (porção do intestino) de carneiro, do qual também se costumavam retirar películas finas e transparentes para auxiliar na cicatrizarão de ferimentos e queimaduras. O artesão costurou uma das extremidades do ceco, mantendo a sua forma de bainha, anatómicamente perfeita para os fins a que se destinava e obteve, assim, um preservativo.
Daí para a industrialização foi um pulo.

MÉDICO FANTASMA

A expressão preservativo surgiu de forma razoavelmente discreta, apregoada nos anúncios publicitários de uma das mais famosas casas de prostituição de Paris, em 1780. A propaganda, simples e eficaz, dizia: "Nesta casa fabricam-se preservativos de alta segurança, bandagens e artigos de higiene. Distribuição discreta para França e outros países...". Mas ela foi logo substituída por uma expressão curiosa, redingote anglaise, que queria dizer "sobretudo inglês", o que equivaleria hoje ao termo "camisa-de-vénus" ou mais intimamente falando, "camisinha".

O nome condom teria surgido a partir de afirmações do médico alemão Xavier Swediaur que teria dito que a palavra derivava do inventor do utensílio, o Dr. Condom, médico inglês do século XVII. Como Swediaur era um profissional bastante prestigiado, especialista em doenças venéreas, ninguém teve coragem de refutar as suas afirmações, mas sabe-se que esse Dr. Condom nunca existiu. Condom seria uma transcrição do verbo latino condare, que significa "esconder" ou "proteger".

O preservativo de borracha apareceu após a descoberta do processo de vulcanização pela Goodyear, em 1839. Actualmente, as camisinhas em látex natural chegam ao auge da sofisticação. Lubrificadas, coloridas, com sabores, anatómicas, texturizadas ou com formatos especiais, todas conservam a sua finalidade básica: a garantia de um relacionamento íntimo sem os efeitos das doenças sexualmente transmissíveis.

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