segunda-feira, outubro 11, 2004

Desejo o teu sapato

Não sei se por causa de uma conversinha sobre queijo que tive ali para baixo com o Frei Tomás, se por outra razão qualquer, fui à procura de odores parecidos com aqueles queijos mal cheirosos. Claro que tinha de ir parar a sapatos.
A gente aprende cada uma...

Assim como o pé é tantas vezes símbolo de órgão sexual masculino, todo tipo de calçado simboliza os órgãos genitais da mulher. A associação torna-se óbvia quando se percebe a relação entre pé e calçado: um é intromitente, outro é recipiente. Sandálias eram um símbolo de fertilidade nos tempos clássicos e, mais recentemente, em vários povos orientais.

Além disso, o calçado é tipicamente feito de couro, que sempre evoca animalidade na textura e no cheiro. A idéia de animal, por sua vez, sugere instinto, impulsos naturais anteriores a toda regra civilizada e assim, sexualidade primitiva. O cheiro de suor que impregna nos calçados tem apelo erótico inconsciente, que em algumas circunstâncias pode superar a repugnância de ordem estética.

O fetichismo dos calçados constitui uma parafilia especializada dentro do fetichismo do couro. Formas atenuadas de fetichismo do calçado aparecem no prazer que alguns homens experimentam em copular com mulheres calçadas com sapatos ou botas. O fetichismo do calçado pode combinar-se com outras tendências, como ocorre em certas práticas sadomasoquista.

Em casos extremos de fetichismo, um calçado pode ser objeto exclusivo da sexualidade do indivíduo. Ele encontra prazer erótico em fantasiar enquanto acaricia calçados de muitos tipos, masturba-se neles ou meramente diante deles.

Homens fetichistas chegam a coleccionar calçados de mulher, tais colecções são chamadas às vezes, na sexologia, de "harém fetichista". como num harém, o fetichista tem sua "favorita" em certo calçado, mas orgulha-se de todos e, de vez em quando, varia com este ou aquele numa sessão de fantasias masturbatórias.

O componente masoquista no fetichismo do calçado se evidencia quando se pensa na associação entre pés e submissão. Pôr-se aos pés de alguém é forma simbólica de sujeitar-se: há um elemento de masoquismo no homem que se ajoelha aos pés de um ídolo; e há um elemento sádico na figura do caçador que apóia o pé sobre a presa abatida.

Descalçar-se pode ser forma simbólica de renunciar a pretensões de dominação (que sempre tem conotação sexual a nível inconsciente). a bíblia menciona o ato de tirar sandália com expressão de rendição (isaías, 20:2) e, logo adiante, o associa a símbolos mais evidentes de submissão: nudez e "nádegas descobertas".

Por extensão, assim como outras expressões de polidez também sugerem submissão ("às suas ordens!"), tirar o calçado pode ser uma exigência de etiqueta, como era entre antigos judeus e é ainda hoje entre japoneses e outros povos. e toda forma de submissão tem relação inconsciente com oferecimento sexual.

Em todas as partes do mundo é possível notar certo incentivo ao uso feminino de calçados apertados. na china dos mandarins, o costume era observado desde a infância, de modo que em alguns casos a deformação dos pés das mulheres chagava a tornar quase impossível o andar.

A nível consciente, sapatos apertados em mulher podem sugerir ao homem a valorização de uma vagina justa. De outro lado, percebe-se aí sujeição masoquista da mulher e preferência sádica do homem, numa linha que parece confirmar teorias pscicanalísticas sobre o caráter diferenciado dos caracteres psicossexuais do homem e da mulher.


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E vocês, meus meninos, entendem agora
porque comprámos nós tantos sapatos?
É tudo para vosso bem...

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