quarta-feira, outubro 27, 2004

A epopeia

(Estão a olhar para a foto e a babar e de repente apercebem-se que o título nada tem a ver com a dita)

Mas estão muito enganados, porque tem tudo a ver. A foto é de um prato chinês, de camarão e foi o ínicio de minha epopeia de ontem. Ora ouçam...

Ontem, saí daqui cansada, como aliás saio todos os dias (nada de risos irónicos porque vocês dão trabalho, que é que pensam?), não me apetecia ir para o fogão nem para as panelas. Jantar fora, estava fora de hipótese, o Robinzinho tem que estudar e deitar-se cedo , portanto só havia uma solução. Levar alguma coisa já pronta para "mandicar". Esta cabecinha começa a pensar no que levar (vocês homens não imaginam a porra de trabalho que dá pensar na vossa "palha") - ora bem,Pizza não comi no sábado à noite...hum...daquelas refeições já prontas também não, ninguém gosta lá em casa...frango de churrasco, também não, não me apetecia...humm...já sei...passo por aquele restaurante chinês a caminho de casa e levo alguma coisa. Até tinha o cartão com o número de telefone comigo, assim podia encomendar e quando lá chegasse estava tudo prontinho, sim porque diziam que vinha aí um temporal dos diabos e o clã Dos Bosques tinha de correr para o Castelo.
Toca então de perguntar aos restantes membros o que desejavam para menú. O Robin quis Carne de Vaca com Bambú e Cogumelos Chineses, o Robinzinho ficou-se pela Galinha com Caril e eu, finérrima que sou, decidi-me pelas Gambas na Chapa. Um "Clepe" para cada um de entrada e uma dose de Arroz Chau-Chau.
So far so good (até aqui tudo bem) a chinesinha que atendeu entendia e falava mais ou menos português. Só quando lhe disse que passados 15 minutos (eram 19.00h) estaria no restaurante para ir buscar o que acabara de encomendar, e ela diz:
"Não, a essa hora ainda não estará pronto. Passe só às 19.15h"
É que fiquei assim um bocado de cara à banda, mas depois acalmei-me, porque afinal a lingua portuguesa é muito traiçoeira, não é?
Adiante, finalmente eram 19.15h e eu pontual lá estava. Na porta dizia "Puxe" e eu puxei. Entrei, já não era a primeira vez que lá ia e pela forma efusiva como era cumprimentada, pensava eu que até já era famosa. Adiante outra vez, dirigi-me à chinesinha que estava ao balcão e disse-lhe por palavras e gestos que tinha telefonado a encomendar. Ela sorriu, e eu pedi-lhe que fizesse a conta, pois pagaria já e depois quando viessem os "morfos" era só pôr-me a andar. Contas feitas, paguei, a quem interesse foram 18,73 €, recebi o troco e enquanto o guardava perguntei-lhe:
"Demora muito?" pergunta simples, não é?
Engano! A pergunta revelou-se muito complicada...
A rapariga ficou a olhar para mim, enquanto eu fazia a pergunta de outra maneira, apontava para o meu relógio de pulso, sei lá mais o quê. E ela? Nada, sorria com educação mostrava-me a lista e eu começava a desesperar. Que coisa terrível não sermos entendidos.
Depois de diversas tentativas infrutíferas, fiz-lhe aquele gesto de "never mind" e dei dois passos...aí é que foi...
Na sala de jantar, exactamente para o lado para onde eu comecei a andar, estava um carrinho-de-bébé e lá dentro dormia um bébézinho tranquilamente.
Então, a chinesinha, põe-se à minha frente, entre mim e o carrinho-de-bébé como que a protegê-lo e não mais sai dali. Eu já não sabia o que fazer, para onde olhar, como agir. É que percebi imediatamente que ela receava que eu me chegasse à criança, sabe-se lá com que intuito.
Até que de repente diz ela:
"Faxabó pode sentlar-se". Apontando-me uma das cadeiras que devem ser mesmo para quem está à espera.
Eu, achei melhor fazer o que ela mandava sem dizer mais nada. Só que não estava bem, sentia-me desconfortável com toda aquela situação, por isso tentei mais uma vez fazer a pergunta. Enchi o peito de ar e disse-lhe (sentada, claro):
"Há pouco perguntava se ainda faltava muito tempo para a comida estar pronta"
Ela olha para mim, ri-se, aponta para o bébé e diz...
"Ah, tem tlés meses!"
Desisti!


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