Uma foto uma história
The deer hunter
Foi o aspecto esbelto que lhe despertou os sentidos. O ar polido também ajudou, parecia ter músculos de aço, num corpo onde nem um grama que não fosse da mais pura fibra metálica se vislumbrava. Imaginou-se a derreter com suas mãos o grão reluzente daquela pele sem falhas. Até que viu o verde límpido dos seus olhos faiscantes.
Aproximou-se. Encheu o peito de ar e arriscou:
- Se os lagos que alimentam os arrozais vietnamitas tiverem uma água com metade do brilho dos seus olhos, então compro já o bilhete de avião e volto a pé se for preciso.
A frieza com que ela o olhou foi metálica.
- Lembra-se do Caçador? Tenha cuidado com as sanguessugas.
Não desarmou.
- Conseguiu acertar num dos meus filmes de culto. A América dos anos 70.
- Você é daqueles que pensa que tudo era melhor por ser livre. É um adepto do flower power.
Entusiasmado, não pressentiu o perigo.
- Esse filme já vi. O outro é um filme mais genuíno do ponto de vista das consequências da guerra. Gosto da atmosfera tensa, a cena da roleta russa é um clássico.
O olhar frio iluminou-se, com um brilho de gelar.
- É então um jogador.
- Gosto de arriscar. Quem não arrisca não petisca.
Os lábios dela esboçaram um leve sorriso matreiro.
- Já jogou à roleta russa?
- Nunca nenhuma mulher bonita me concedeu tamanho privilégio.
- Então hoje é o seu dia.
Num gesto rápido de felina, rodou sobre si própria e aplicou-lhe um colocadíssimo pontapé nas bobinas da fita.
Etiquetas: Fotos e histórias
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