Se isto sem Zeca nao era a mesma coisa, sem Adriano tambem nao!
Pergunto ao vento que passa
noticias do meu pais
e o vento cala a desgraça
e vento nada me diz.
Pergunto aos rios que levam
tanto sonho a flor das aguas
e os rios nao me sossegam
levam sonhos deixam magoas.
Levam sonhos deixam magoas
ai rios do meu pais
minha patria a flor das aguas
para onde vais? Ninguem diz.
Se o verde trevo desfolhas
pede noticias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu pais.
Pergunto a gente que passa
porque vai de olhos no chao.
Silencio - e tudo o que tem
quem vive na servidao.
Vi florir os verdes ramos
direitos e ao ceu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.
E o vento nao me diz nada
ninguem diz nada de novo.
Vi minha patria pregada
nos braços em cruz do povo.
Vi minha patria na margem
dos rios que vao pr'o mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.
Vi navios partir
(minha patria a flor das aguas)
vi minha patria florir
(verdes folhas verdes magoas).
Ha quem te queira ignorada
e fale patria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.
E o vento nao me diz nada
so o silencio persiste.
Vi minha patria parada
a beira de um rio triste.
Ninguem diz nada de novo
se noticias vou pedindo
nas maos vazias do povo
vi minha patria florindo.
E a noite cresce por dentro
dos homens do meu pais.
Peço noticias ao vento
e o vento nada me diz.
Mas ha sempre uma candeia
dentro da propria desgraça
ha sempre alguem que semeia
cançoes do vento que passa.
Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidao
ha sempre alguem que resiste
ha sempre alguem que diz nao.
"Trova do Vento que Passa" - Letra: Manuel Alegre - Cantada por: Adriano Correia de Oliveira
Com este belissimo poema que foi cantado e sentido por um grande resistente, termina a homenagem deste bosque ao 25 de Abril!
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Naquele dia, 25 de Abril de 1974 eu estava
na escola primaria e tu, onde estavas?
Se ainda nao eras nascido, como sentes tu
este dia?